10 abril 2012

CARTA DE UM PRECÁRIO: A TRISTEZA QUE SE TRANSFORMOU EM LUTA



Começou a precariedade a corroer-me os ossos e as emoções. Tenho 23 anos e ainda à pouco saí do lugar onde o sonho, o estatuto e a sabedoria eram discurso que quase parecia realidade. Ponho os pés cá fora e o futuro do sonho, que me prometeram, parece-me tão longínquo como o horizonte que vejo no outro lado do mar. Tenho medo do futuro e fico às vezes a pensar o quão bom era ser criança de novo. O... quão bom era não fazer parte dos 7 cães que anseiam por um osso. 
Olho as noticias e parecem-me tudo achas para a fogueira da depressão. Demito-me de olhar para a vossa verdade.Demito-me, dentro dos limites do meu corpo, de deixar que aqueles que estão a transformar a nossa vida nesse buraco negro, vençam e se deliciem na sua poltrona confortável (anti qualquer tipo de dores). Demito-me de acreditar que este país onde eu nasci é um antro de um povo submisso e inerte. Demito-me de alimentar o lucro sequioso das grandes corporações de fato e gravata. Demito-te de ser o pão (que já sou) de uma banca corrupta que é salva por governos corruptos que eu não escolhi. Demito-me de não transformar o pessoal em politico. 
Quero a simples utopia de poder ser feliz. Apenas isso. E por isso, farei da minha voz, e corpo, arma, até que a paz o pão, a saúde e a educação nos sejam devolvidas. Até que ser feliz deixe de ser apenas metáfora

2 comentários:

Catarina disse...

umA precáriA

Fusível Ativo disse...

Só nós é que o poder de mudar as coisas. Enquanto não nos mexermos, as coisas também não se mexem sozinhas.

Não é com manifestações, é com movimentos; não é com grupos, é em conjunto; não aceitar, é exigir.

Sempre sem medo.