Faço de tudo, sem que uma qualquer tarefa que não seja eu a fazê-la! Até para as formações ou reuniões das seguradoras eu sou mandada, porque nem nisso a entidade empregadora perde tempo.
Trabalho mais de 40 horas semanais, sempre dentro das instalações, obedeço a uma hierarquia, tenho um ordenado fixo de 450 euros, dos quais ainda sou obrigada a descontar para a Segurança Social.
Este ano não tive férias. Nem no ano passado. Tive recentemente problemas pessoais e alguns problemas de saúde algo graves, mas a recibo verde eu não me posso dar ao luxo ficar doente. Não pude meter baixa, não pude faltar nem para ir levantar exames que tinha feito, porque tal como me disseram: ‘pede a algum familiar que tos levante!’ De notar que a clínica fica apenas a dois quarteirões do meu local de trabalho e não demoraria mais de dez minutos!
Fui assaltada e as chaves foram na carteira, roubada por esticão. Fui avisar no trabalho que se teriam que mudar as chaves, fui recebida com ar de desdém, tive que me desculpar pelo incómodo causado e ainda me foi apresentada a factura das chaves novas!
Os documentos para entregar nas finanças são assinados por mim. Assim quando algo corre mal, a responsável sou eu, porque fui eu que assinei e porque eu não sou funcionária de ninguém, sou sim 'empresária em nome individual', o que dá sempre jeito ao patrão!
Gostaria de retomar os estudos, mas o ordenado não chega para isso. Já enviei currículos para outros locais, mas neste momento está muito difícil encontrar novo emprego.
E aqui reside o problema, é ter que me dar por satisfeita, por não estar desempregada. E com apenas 22 anos, tiram-nos as perspectivas de um futuro melhor da forma mais cruel e egoísta possível.