09 maio 2011

FUNCIONÁRIOS DA MEDEIA FILMES COM FÉRIAS FORÇADAS


Hoje é o primeiro dia do fecho das salas de cinema Medeia Filmes no Saldanha Residence, em Lisboa, mas os funcionários apresentaram-se para trabalhar. Dizem que não foram formalmente despedidos e que lhes impuseram férias forçadas.

Numa carta datada de 6 de Maio, assinada pela Medeia Filmes e que foi mostrada à agência Lusa por um dos funcionários, a empresa de Paulo Branco comunica aos nove trabalhadores em causa "que o gozo das férias a que têm direito se inicia no dia 9 de Maio".

Ora, ironiza João Lourenço, arrumador de sala e funcionário da Medeia Filmes há oito anos e meio, os trabalhadores não recebem subsídio de férias há quatro anos e ainda não têm o ordenado de Abril. Sónia Alenquer, também arrumadora naquelas salas há três anos, disse à Lusa que apurou junto do Ministério do Trabalho que o gozo de férias "tem de ter um princípio e um fim, portanto este aviso não é legal".

Os funcionários alegam que, apesar dos rumores, só souberam do encerramento efectivo das salas "por clientes". Dizem também que ainda não foram sequer despedidos, formalmente pelo menos, não podendo, portanto, reivindicar quaisquer direitos. A única carta que receberam, com aviso de recepção de 26 de Abril, mostrada também à agência Lusa, fala em "despedimento colectivo", mas refere-se aos nove trabalhadores apenas como "potencialmente abrangidos".

Reunidos à porta do Cinema Monumental, do outro lado da rua e que mantém quatro salas Medeia Filmes a funcionar, os funcionários prometeram que vão apresentar-se ali diariamente, à uma da tarde, até serem formalmente despedidos, e anunciaram que vão apresentar queixa junto do Ministério do Trabalho.

Na carta de 26 de Abril, a empresa detida por Paulo Branco justifica o encerramento das quatro salas do Residence com a "redução de actividade".

Segundo dados estatísticos do Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA), em seis anos a exibidora Medeia Filmes, fundada há 20 anos, perdeu metade das receitas de bilheteira nas salas de cinema. Em 2010 ficou abaixo dos dois milhões de euros, muito longe da Zon Lusomundo, a líder do mercado, com 44,9 milhões de euros de receita de bilheteira.

Notícia do Diário de Notícias.

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