03 julho 2007

Testemunho: Clínica Médica

Gostaria de vos expor a minha situação de trabalho, melhor dizendo pagar para trabalhar.

Estive desempregada durante dois anos e consegui arranjar trabalho, em Fevereiro deste ano.
Estou a trabalhar numa clínica, em Guimarães, desde o dia 16 Fevereiro, como assistente dos consultórios, em regime de part-time que vai de 4 a 8 horas diárias.

Só seria aceite naquela empresa se passasse recibos verdes. O valor pago por hora é de 2,50 € e, como não tinha trabalho, aceitei.

Fui às finanças colectar-me (código 1519-outros prestadores de serviços) e, logo de seguida fui à Segurança social. Aí fui surpreendida com a notícia de que teria que pagar à Segurança Social o valor de 128 € mês (se optasse por regime alargado) ou 185 € mês (se optasse regime obrigatório) não tendo direito à isenção porque já estive colectada há mais ou menos cinco anos.

Para obter uma isenção teria que ter valores inferiores a sies salários mínimos (um valor anual de 2.315,00€)

Para redução teria que ter valores inferiores a dezoito salários mínimos e escrever uma carta à Segurança Social, sob compromisso de honra, referindo que não ia auferir, no ano de 2007, um valor superior a 6.000 €. Este pedido poderia ser ou não aceite.

Fazendo contas:

2.50€/hora x 4 h (dia) x 20 dias úteis= 200 € mensais


2.50€/hora x 8 h (dia) x 20 dias úteis= 400 €
Esta situação acontece desde o dia 11.06.07, porque a clínica tem pessoal de férias e eu estou a substituir.

Recebi carta da Segurança Social a dizer que o meu pedido de isenção foi deferido e o valor que devo pagar é de 74,17€ mensais.

Até hoje, 26.06.07, não paguei nada. Sinto-me indignada, revoltada.....

Tinha que percorrer 20 km diários para chegar ao local de trabalho o que dava em média, por mês, de 80€ em gasolina. Não podia ir de autocarro porque os horários não eram compatíveis.

Casei no mês passado. Pedi me facultassem uns dias de férias para a minha lua-de-mel: tirei nove dias úteis. Não dava para mais porque o pessoal da casa tinha que ir de férias.
Mudei de residência e agora estou próximo da clínica que vou a pé.
Fui vivendo com ajuda dos meus familiares mas como entendem não é fácil viver assim...
Anónima - Guimarães

2 comentários:

Anónimo disse...

Não tem a ver com o post, com que sou solidária ... Queria dar-vos os parabéns por esta acção. Um abraço,
M.

ATG disse...

Relativamente ao testemunho: cara senhora, já leu o post deste mesmo blogue sobre o B-A-BÁ dos recibos verdes? A sua situação assemelha-se em tudo a um contrato de trabalho! Reivindique os seus direitos sff.