21 junho 2007

Testemunho: enriquecimento curricular no ensino básico

Acabo de ler o testemunho intitulado "Aulas de Inglês no Ensino Básico" e não pude deixar de "sorrir". E "sorri" não porque o tenha achado divertido, mas porque reflecte quase na totalidade a minha situação.

Sou licenciada e tenho uma série de outros diplomas e cursos de formação que só têm servido para encher o Currículo. Já há dois anos que dou Inglês no Ensino Básico, quer em escolas públicas quer em instituições privadas (institutos e colégios). Tenho de cumprir um horário que me foi atribuído (ao contrário dos trabalhadores independentes "puros", como devem saber), tenho um programa a cumprir definido pelo "grande" Ministério da Educação (a autonomia que é característica dos independentes "de facto" também está presente na minha profissão, como é bom de ver ;) ) e tenho para com as minhas diversas entidades patronais exactamente as mesmas obrigações que os meus colegas com contrato (assistir a reuniões, atribuir avaliações, preparar aulas, receber encarregados de educação, etc.).


No entanto, e como a Inspecção Geral do Trabalho prefere ignorar as irregularidades que tem mesmo debaixo do seu "nariz" ( e que muitas vezes são praticadas por quem devia dar o exemplo - neste caso um organismo público, o M.E. - e acha que as contribuições à Segurança Social que as entidades patronais são obrigadas a pagar e que preferem sejam suportadas pelo "elo mais fraco" (esse mesmo, o "do recibo verde") não lhe fazem falta, eu continuo assim, sem o mínimo de protecção social ou direitos, desempregada nas férias do Verão, a receber metade do salário quando outros recebem a dobrar (Natal, por exemplo)...


Já cheguei ao cúmulo de ser avisada 30 m antes para não ir dar aula, porque a escola estava fechada! (Escusado será dizer que ninguém me paga essas horas não-dadas, que por acaso, só por acaso, não são da minha responsabilidade!).


Gostava de poder dizer que o esforço que dispendi na minha formação valeu a pena e que faria tudo de novo, mas não posso. Gostava de acreditar que alguém vai pôr cobro a esta VERGONHA NACIONAL e que vamos ver reconhecidos de facto os direitos que são nossos e que correspondem aos deveres que temos... Mas não sei se acredito. Quando o (mau) exemplo vem de cima...


Aqui fica o meu testemunho. E o desejo de que quem de direito tome as medidas necessárias.

Anónima

1 comentário:

Anónimo disse...

Olá a todos... Sou professor do 3º Ciclo do Ensino Básico e trabalho num colégio particular dos arredores de Lisboa. Estou lá à 3 anos e sempre tive 15 horas, com excepção deste que tenho 23. Ao longo destes três anos fui Director de Turma, Coordenador de Grupo, Coordenador do Projecto de Educação para a Saúde e sempre com pelo menos 5 turmas de três níveis. Tenho o meu normal horário de trabalho lectivo e passo dezenas de horas por semana a preparar as aulas para adequar o ensino-aprendizagem aos meus cerca de 150 alunos. Pois é... digam lá que diferença tenho eu de um "normal" professor do ensino público? Pois é... ESTOU A RECIBOS VERDES E POR ISSO NÃO ME CONTAM O TEMPO DE SERVIÇO. Ainda por cima o colégio tem paralelismo pedagógico... Enfim... É a vida... Mas eu vou tentar na mesma entrar com os papéis na DREL. Vamos ver. Bom ano lectivo a todos.