05 abril 2010

Testemunho: jornalismo



Recebemos um contacto de um pai indignado com a 'proposta' de trabalho que foi efectuada à filha. Aqui fica:

"Peço a divulgação duma proposta de trabalho apresentada pela revista BLITZ à minha filha que tem licenciatura em comunicação social e mestrado.


O Blitz tem uma proposta de trabalho para jornalista , o vencimento é ZERO euros nos primeiros 3 meses, sem qualquer pagamento e se o pasquim gostar do trabalho renova por mais 3 meses com o vencimento de ZERO euros, sem qualquer pagamento.


Estamos assim em plena ESCRAVATURA no século XXI! Pensando bem, é pior anda no pasquim porque na escravatura ainda dão comida e instalações."


COMUNICADO DO BLITZ (06-04-2010)


Informamos que este post não corresponde à realidade e que rejeitamos liminarmente a afirmação em causa. Para além de pagarmos atempadamente a todos os nossos trabalhadores e colaboradores pelo trabalho que produzem para a nossa revista, nunca propusemos contrato de trabalho ou de prestação de serviços que não fosse remunerado. Apesar de não conseguirmos encontrar uma explicação para as graves e infundadas afirmações divulgadas no blog FERVE, é possível que o “pai indignado” em causa tenha confundido prestações laborais (que são pagas) com estágios curriculares (que não são pagos). De facto, a Blitz acolhe estagiários ao abrigo de protocolos assinados com universidades públicas (como a Faculdade de Ciências Sócias e Humanas da Universidade Nova de Lisboa) que passam entre três a seis meses na redacção da revista. Estes estágios curriculares, normais em qualquer órgão de informação, estão legalmente enquadrados e regulados através de um Regulamento de Estágios interno. Quando fazemos o primeiro contacto telefónico, para saber se realmente o candidato tem interesse em estagiar, informamos-lhe as condições do mesmo (3 a 6 meses) e que não são remunerados. Nunca, em nenhuma entrevista de estágio, foi dada a indicação que o estagiário iria estagiar três meses e, caso o trabalho fosse do agrado da revista, trabalharia outros três meses sem receber, nem que haveria continuidade após o período de estágio.

Direcção de Recursos Humanos da BLITZ
Impresa Publishing



RESPOSTA DA PESSOA QUE EFECTUOU A DENÚNCIA (11/04/2010)

Depois de ler a resposta do Blitz, que agradeço, ponho a hipótese desta situação partir dum erro, quiçá de algum estagiário que neste momento "enriquece" curricularmente no departamento de RH do Blitz.


É que a minha familiar JÁ TEM estágio feito há uns anos como se pode ler no currículo que enviou ao Blitz e no entanto foi convocada para uma entrevista de trabalho, ou estágio, ou escravatura, ou o que preferirem chamar a esta coisa de horário laboral a tempo inteiro sem qualquer remuneração.

Entretanto alguém me chamou a atenção para o seguinte: "por acaso no outro dia tive oportunidade de folhear o Blitz e achei estranho a grande maioria dos artigos ser assinado pela mesma pessoa. Se calhar essas propostas de emprego são um sinal de que a revista não está muito bem."

6 comentários:

Anónimo disse...

pois...para quem nunca trabalhou na comunicação social, até iria na conversa do departamento de RH do Blitz. A verdade é que muitos que visitam este blog, sabem que a verdade do Blitz bem como da maioria dos orgãos de comunicação social neste país, são os postos de trabalho mantidos anos e anos e anos e anos a fio por estagiários "curriculares" como lhe gostam de chamar, a preço zero! Com falsas promessas de "logo se vê se dá para ficar". A verdade é que o estagiário 1 ainda não saiu e já o 2 está comprometido para entrar no dia seguinte. Assim se poupa, assim se mantém vários postos de trabalho e o suposto estágio curricular que deveria ensinar, serve para explorar.
E esta é a realidade editorial portguesa.

Unknown disse...

Por ser leitor assíduo da Blitz tomei a liberdade de enviar um mail para a redacção da revista a fim de esclarecer a veracidade deste post. A resposta que obti foi a mesma que surge no vosso blot.

Aprecio muito o trabalho prestado pelo FERVE, mas talvez seja de considerar verificar a veracidade de todas as denúncias recebidas, a fim de não lesar ninguém e denunciar os verdadeiros culpados.

Anónimo disse...

@Anónimo:


Se fosse só no ramo editorial... Isto acontece em todos os ramos. Posso dizer-lhe que desde 2004 que ando no mercado de Design e nunca me ofereceram contrato porque "não há condições", mas estágios não-remunerados de 6 meses, isso há com fartura.

...Já se viravam alguns carros. De prefêrencia os Bentleys ou Porsches dos senhores que não têm condições para dar contratos.

cbas disse...

Pelo que tenho ouvido falar: Todos os estágios têm que ser pagos.

Anónimo disse...

@cbas:

Da mesma maneira que todos os licenciados por lei têm que receber pelo menos dois ordenados mínimos por mês... Infelizmente também não acontece =)

Desde quando é que a lei é respeitada neste país?

Anónimo disse...

Falo na qualidade de licenciada em Comunicação Social e a realidade é que casos como este são o pão nosso de cada dia. Trabalho não há, mas estágios nao-remunerados (que dizem ter como propósito proporcionar novos conhecimentos na área. mas que ilusão!!!) não faltam..isto acontece tantos nos órgãos de comunicação mais pequenos, como nos grandes grupos.

EXPLORAÇÃO, pura EXPLORAÇÃO de licenciados que servem para enriquecer os bolsos de meia dúzia!

Claro que essa meia dúzia não admite isto!! Pura inocência!!


Ainda querem tirar subsídios de férias aos pobres trabalhadores!!!
Que tirem os subsídios de deslocação aos sr.deputados que já é uma grande ajuda p economia deste país!!!!!