21 setembro 2009

Reportagem sobre precariedade no DN


A maioria dos dois milhões de trabalhadores precários tem menos de 30 anos, tornando o problema do emprego um dos mais expressivos para os jovens. Especialistas alertam para o medo e frustração que a instabilidade laboral provoca nesta população. Mas muitas áreas se cruzam quando se fala de juventude, por isso, a Secretaria de Estado tem apostado na ligação entre os vários ministérios.

"Os jovens têm o problema do emprego, da formação profissional e da saúde que lhes são próprios." O diagnóstico é feito por Laurentino Dias, secretário de Estado da Juventude e do Desporto.

Por considerar que a juventude é transversal, o governante apoiou a constituição de uma comissão interministerial da juventude, através da qual foram dadas a conhecer petições e preocupações dos jovens aos vários ministérios. Da reunião destas áreas resultaram alguns programas dirigidos aos jovens, como o Cuida-te - que trata da educação para a saúde -, ou o INOV-Jovem, um apoio ao primeiro emprego, explica Laurentino Dias.

De facto, a relação dos jovens com o mundo do trabalho não tem sido fácil. Dos dois milhões de trabalhadores precários existentes em Portugal, a maioria tem menos de 30 anos e dos mais de 500 mil desempregados, 65 mil têm menos de 25 anos.

"Há uma ideia perniciosa em relação à precariedade que é a de ser uma situação normal e ainda mais quando se é jovem", critica Cristina Andrade, um das fundadoras do movimento Ferve (Fartos d'Estes Recibos Verdes). A líder do movimento, que nasceu durante este Governo, defende que "o mercado de trabalho não deve ser um calvário, onde as pessoas primeiro têm de merecer a confiança dos empre- gadores para depois terem um contrato".

Também Arménio Carlos, da CGTP, sublinha que "as alternativas dadas aos jovens pelas empresas são o trabalho precário ou o desemprego". O dirigente sindical recorda ainda que "a precariedade dos jovens é a antecâmara do desemprego. Até porque 60% dos desempregados são trabalhadores que não viram o seu contrato renovado".

Uma situação que é também denunciada pelo especialista em relações laborais Elísio Estanque, que lembra como a lei dos recibos verdes foi desvirtuada. "Milhares de trabalhadores, sobretudo os recém entrados no mercados de trabalho, permaneciam anos a fio nesse regime, desvirtuando o espírito da lei e fazendo crescer a precariedade. Para além dos recibos verdes, também os contratos não permanentes (ou a termos certo) se inseriram nesta mesma lógica", adianta.

No entanto, o sociólogo da Universidade de Coimbra não deixa de alertar para os efeitos sociais deste problema. Existe uma "grande frustração para aqueles que investiram na sua qualificação na expectativa de alcançarem um emprego digno e compensatório". Já do ponto de vista social "gera-se insatisfação, mal-estar e desmotivação pelo trabalho, acentuando o pessimismo e também o 'individualismo negativo' suportado por sentimentos de ansiedade e de medo", acrescenta Elísio Estanque.

Atendendo aos desafios que os mais jovens enfrentam, Laurentino Dias aconselha um maior diálogo com eles. "O próximo Governo deverá enveredar ainda mais por este caminho de encontrar com os jovens as soluções para as políticas mais relevantes para uma juventude mais integrada na sociedade".

Podem ler este artigo do Diário de Notícias
aqui.

2 comentários:

Anónimo disse...

Devo avisar que o Inov Jovem em muita coisa é fachada... Eu próprio fui abafado em queixas que queria fazer pelos serviços que prestei em empresas com quem tinham parcerias... Abafaram os processos porque "fica mal nos processos".

Actualmente, tudo o que for relacionado com a Inov me deixa as mais profundas suspeitas...

Autora de Si disse...

A precariedade hoje é uma realidade que nós jovens conhecemos bem. Somos a "geração 500"!!!
"A geração 500 mais do que uma realidade, parece-me a mim um modo de vida. A cada dia que passa somos obrigados a viver com pouco mais do ordenado mínimo e aceitar que aqui não vamos muda".

Numa de troca de ideias deixo aqui o link para o meu blog

http://outroladodalinha.blogspot.com/