Para quem não está familiarizado com o conceito de avençado aqui o deixo: o contrato de avença é um mero contrato de prestação de serviços, onde não há qualquer vínculo de subordinação entre o prestador e a entidade a quem é prestado o serviço (...), pelo que não confere ao trabalhador a qualidade de funcionário e consequentemente, (...), não sujeita o trabalhador, eleito local, a qualquer inelegibilidade, no caso sub júdice, superveniente.
Eu sou um destes! Mas pior que isto! O problema maior prende-se com o facto de ser avençado ao Estado, mais especificamente no Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE).
Ora, vejamos, ponto por ponto, mais importante, da referida definição:
De facto, o meu contrato é um contrato de prestação de serviços, mas é também aqui que começam as questões dúbias em relação aos recibos verdes. Até dia 31 de Janeiro de 2008 celebrei um contrato que me vinculava ao Ministério dos Negócios Estrangeiros, que me obrigava a dar à casa dois meses se decidisse cessar o contracto. Simultaneamente e, como é hábito nestas condições, em caso de uma das partes cessar não há direito a indemnização (porque é assim que convém).
Uma das características dos contratos de avença é a não subordinação, mas aqui surge mais uma questão dúbia, porque estive durante um ano e um mês subordinado, dado que tinha de entrar às 9h00 da manhã e não tinha hora de saída, portanto, estive subordinado, tinha um chefe (sei o nome desse chefe e existe), um sub-chefe (de quem também sei o nome e existe), que mandavam em mim, tinha que estar presente todos os dias, as férias foram negociadas (dos 22/24 dias a que a lei me dá direito, apenas usufrui de 9 dias e foram arrancados a ferros). Sim! Porque subentendo que nós não podemos averiguar desconhecimento da lei e na lei, segundo julgo saber, todos temos direito a 22 dias de férias, sem discriminação de casos (Vide artigo 211º e seguintes do Código do Trabalho).
Outra das características dos contratos de avença é que não conferem ao trabalhador a qualidade de funcionário e consequentemente...em suma trabalhei no Ministério dos Negócios Estrangeiros um ano e um mês, foi este que me pagou durante este tempo todo...e contínuo a trabalhar e a receber. Mas sou completamente dispensável...porque trabalho a recibos verdes, percebem a questão?
O mais criticável é que é o próprio “Estado de Direito” (como muitos intelectuais o apelidam) Português quem pratica esta ilegalidade. E eu não sou, nem me considero um revolucionário, mas um inconformado com o “Estado de Direito” das coisas.
A acrescentar a isto é também totalmente criticável que pague 41% (20% de IRS e 21% de IVA) do meu salário para impostos e 8.63% de descontos para a segurança social (se optar pelo escalão zero, o que me fará de acordo com a nova regra de cálculo de pensões, vir a ter uma pensão ridícula daqui a 45 anos, se ela existir!?), resultando num total de 49,63% do meu ordenado a favor do Estado, o que significa ter de trabalhar metade do ano para ganhar o meu primeiro ordenado, isto sem falar nos impostos indirectos que não contabilizo aqui (o IVA aqui é indirecto, mas obrigatório, ultrapassando o limite de aproximadamente 10.000€, o que não é difícil dado que investi 5 anos da minha vida numa licenciatura e numa pós-graduação vs mestrado, seria melhor se não chegasse a esse limite, mas parece-me que vá sofrer bastante quando o Ministério me dispensar, já em Abril de 2008).
Ainda quanto aos impostos se correr o risco de me esticar na passagem de recibos, para além do Ministério, corro o risco de ter, depois de descontar um valor exorbitante de IRS, que pagar imposto ao Estado, no que respeita ao IVA o Estado paga-o, sempre sai mais barato pagar 21% de IVA a um funcionário avençado do que do que pagar 23,5% como empresa, caso opta-se por me contratar de descontos para a Segurança Social.
Mas, mais triste ainda é que me enquadro no ramo de actividade – Prestação de Serviços – caso não lhe pertencesse poderia comprando algum bem para a minha actividade descontar IVA, mas como lhe pertenço existe uma circular/entendimento da DGCI que vai no sentido de contrariar a lei do IVA, a nível europeu. Isto é, não querendo denunciar o Estado, qualquer prestador de serviços é como uma empresa, tendo de prestar contas, uma das vantagens das empresas é que podem deduzir IVA e nós não. Porquê? Porque a DGCI assim o entende, diz esse entendimento que a actividade de Prestação de Serviços não se coaduna com a dedutibilidade do imposto (IVA), só em Portugal.
Quanto à Segurança Social, e por fim, descontar 8,63% não é o desconto sobre o meu salário real, tirando-me regalias no futuro, mas se aceitasse fazê-lo, porque isso cabe-me a mim aceitá-lo fazer ou não, então teria de trabalhar mais de um ano e meio para receber o meu primeiro emprego.
Eu sou um destes! Mas pior que isto! O problema maior prende-se com o facto de ser avençado ao Estado, mais especificamente no Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE).
Ora, vejamos, ponto por ponto, mais importante, da referida definição:
De facto, o meu contrato é um contrato de prestação de serviços, mas é também aqui que começam as questões dúbias em relação aos recibos verdes. Até dia 31 de Janeiro de 2008 celebrei um contrato que me vinculava ao Ministério dos Negócios Estrangeiros, que me obrigava a dar à casa dois meses se decidisse cessar o contracto. Simultaneamente e, como é hábito nestas condições, em caso de uma das partes cessar não há direito a indemnização (porque é assim que convém).
Uma das características dos contratos de avença é a não subordinação, mas aqui surge mais uma questão dúbia, porque estive durante um ano e um mês subordinado, dado que tinha de entrar às 9h00 da manhã e não tinha hora de saída, portanto, estive subordinado, tinha um chefe (sei o nome desse chefe e existe), um sub-chefe (de quem também sei o nome e existe), que mandavam em mim, tinha que estar presente todos os dias, as férias foram negociadas (dos 22/24 dias a que a lei me dá direito, apenas usufrui de 9 dias e foram arrancados a ferros). Sim! Porque subentendo que nós não podemos averiguar desconhecimento da lei e na lei, segundo julgo saber, todos temos direito a 22 dias de férias, sem discriminação de casos (Vide artigo 211º e seguintes do Código do Trabalho).
Outra das características dos contratos de avença é que não conferem ao trabalhador a qualidade de funcionário e consequentemente...em suma trabalhei no Ministério dos Negócios Estrangeiros um ano e um mês, foi este que me pagou durante este tempo todo...e contínuo a trabalhar e a receber. Mas sou completamente dispensável...porque trabalho a recibos verdes, percebem a questão?
O mais criticável é que é o próprio “Estado de Direito” (como muitos intelectuais o apelidam) Português quem pratica esta ilegalidade. E eu não sou, nem me considero um revolucionário, mas um inconformado com o “Estado de Direito” das coisas.
A acrescentar a isto é também totalmente criticável que pague 41% (20% de IRS e 21% de IVA) do meu salário para impostos e 8.63% de descontos para a segurança social (se optar pelo escalão zero, o que me fará de acordo com a nova regra de cálculo de pensões, vir a ter uma pensão ridícula daqui a 45 anos, se ela existir!?), resultando num total de 49,63% do meu ordenado a favor do Estado, o que significa ter de trabalhar metade do ano para ganhar o meu primeiro ordenado, isto sem falar nos impostos indirectos que não contabilizo aqui (o IVA aqui é indirecto, mas obrigatório, ultrapassando o limite de aproximadamente 10.000€, o que não é difícil dado que investi 5 anos da minha vida numa licenciatura e numa pós-graduação vs mestrado, seria melhor se não chegasse a esse limite, mas parece-me que vá sofrer bastante quando o Ministério me dispensar, já em Abril de 2008).
Ainda quanto aos impostos se correr o risco de me esticar na passagem de recibos, para além do Ministério, corro o risco de ter, depois de descontar um valor exorbitante de IRS, que pagar imposto ao Estado, no que respeita ao IVA o Estado paga-o, sempre sai mais barato pagar 21% de IVA a um funcionário avençado do que do que pagar 23,5% como empresa, caso opta-se por me contratar de descontos para a Segurança Social.
Mas, mais triste ainda é que me enquadro no ramo de actividade – Prestação de Serviços – caso não lhe pertencesse poderia comprando algum bem para a minha actividade descontar IVA, mas como lhe pertenço existe uma circular/entendimento da DGCI que vai no sentido de contrariar a lei do IVA, a nível europeu. Isto é, não querendo denunciar o Estado, qualquer prestador de serviços é como uma empresa, tendo de prestar contas, uma das vantagens das empresas é que podem deduzir IVA e nós não. Porquê? Porque a DGCI assim o entende, diz esse entendimento que a actividade de Prestação de Serviços não se coaduna com a dedutibilidade do imposto (IVA), só em Portugal.
Quanto à Segurança Social, e por fim, descontar 8,63% não é o desconto sobre o meu salário real, tirando-me regalias no futuro, mas se aceitasse fazê-lo, porque isso cabe-me a mim aceitá-lo fazer ou não, então teria de trabalhar mais de um ano e meio para receber o meu primeiro emprego.
3 comentários:
Meu Caro,
Isto é realmente o País que nós temos!
O Estado Português é o primeiro a usar e abusar dos Recibos Verdes!
Cabe lhe a si decidir o que pretende fazer pois trabalhar nessas condições é péssimo...
Eu próprio deixei igualmente o meu testemunho, que poderá confirmar, o registo está designado como Comércio Automovel, foram sete anos a trabalhar nessas condições, grande parte do tempo por desconhecimento da lei, mas mesmo após descobrir a ilegalidade a Empresa nada fez para alterar as condições laborais. Ainda por cima a Empresa pertence a uma figura pública ( o nosso melhor piloto de automoveis/24h le mans ).
O meu conselho, procure outro empregador e tribunal com "eles", se o seu caminho for esse, recomendo lhe um bom Advogado, nunca um oficioso, fui o que fiz no meu caso!
Um abraço e os melhores cumprimentos!
PauloManuelSantos
Como te compreendo colega dos recibos verdes!!
Mas uma coisa te digo, que sorte a tua de ainda assim continuares a trabalhar!!!
É que eu tive a trabalhar mais de 3 anos num organismo do Ministério da Justiça com contratos de prestações de serviços de 3 meses, onde as renovações eram internas.Acontece que desde 2006 que as renovações das prestações de serviços são obrigadas a ir às Finanças e o Exmo. Sr. Ministro recusou todas à excepção de 1 pessoa (que por acaso é assessor do Conselho Directivo e militante do partido do governo)...
Também eu entrava às 9h e não tinha hora de sair, tinha chefia, mail, telefone, ocupando um posto de trabalho.Desde final de Setembro que esperávamos uma resposta das Finanças para finalmente no final do mês passado nos dizerem que não tinha sido renovado...(mais vale tarde que nunca)
Agora desempregada ao fim de mais de 3 anos de trabalho, sem qualquer indemnização, sem subsídio de desemprego e até as férias foram retiradas desde o Verão do ano passado...
Será isto Justiça(ou será injustiça?)
A questão caros colegas é a seguinte não é a vontade de ser funcionário público que me leva a querer trabalhar no Estado, até porque desengane-se quem julga que se ganha bem! Porque não se ganha.
Há quem ganhe! Mas esses são os filhos, primos, netos dos "poleiristas" deste país e sejamos sinceros, são todos os mesmos, ou carreiristas de partido, ou simplesmente chupistas que de tão chatos se tornarem os políticos deste país acabam por lhes dar uma oportunidade de singrarem, são poucos os que têm esta sorte, mas coitados, mal sabem o que lhes vai aparecer pela frente depois de atingirem o tão auspicioso desejo de serem FP's (pior ainda se tal suceder a recibos verdes!).
O meu objectivo é o mesmo de todos aqueles que têm os recibos verdes como marasmo, ou seja, a simples e singela vontade de trabalhar e ganhar dinheiro para ter a suas coisinhas.
Dado o estado de coisas neste país, não lhe auguro nada de bom (ao país). E acreditem aqueles que acharem que só por trabalharem a recibos verdes no Estado vão ganhar muito com isso.
Este é um conselho, não se esqueçam que a Administração Pública está tão mal conotada nas empresas privadas que depois de te dispensarem - porque a recibos verdes és totalmente dispensável, onde quer que trabalhes - ninguém te quer, tenhas 25, 26, 40, 41, 50,ou 51 anos de idade.
Não é colega do Ministério da Justiça?
Pensem bem antes de se meterem numa empresa/função pública que vos aceita se trabalharem a recibos verdes, porque aceitando abrem um precedente irremediável para o vosso futuro. Acreditem!!!
Mais vale aceitarem menos, mas com contracto, porque ele dá-vos direitos, do que mais mas a recibos verdes, estes tiram-lhes todos e a defesa em tribunal é dificílima. Bem só vendo contado ninguém acredita.
Registo ainda que quando escrevi o testemunho a que me responderam, não foi publicada a parte em que digo que apesar de tudo nós ao aceitarmos ser utilizadores de recibos verdes corroborámos com esse modelo ou sistema de pagamento. Isso torna-nos cúmplices da sua utilização. Por isso digo! A quem não experimentou, não tentem sequer!!!!!
O escritor do testemunho em resposta aos dois colegas que comentaram o testemunho.
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