Conheço bem esta realidade dos recibos verdes pois fui vítima deles durante três anos e meio.
Licenciei-me em 2001 e o meu primeiro emprego foi a recibos verdes num instituto público que, recorrendo a uma consultora, mantinha uma situação de sub-contratação que se manteve muito além do desejável.
Inicialmente contrataram-me por três meses, depois sucederam-se os contratos sempre precários até perfazer três anos, findos os quais me disseram que não havia possibilidade de fazer contratação directa em virtude do congelamento das admissões na função pública.
Não estou a falar de um instituto qualquer mas sim do Instituto de Emprego e Formação Profissional que supostamente deveria ter mais responsabilidades nesta matéria.
Desde sempre os recibos verdes eram falaciosos pois nunca tive liberdade de horário nem tão pouco podia desenvolver as actividades laborais noutro local que não as instalações do próprio instituto.
Se faltasse um dia descontavam-me o mesmo, cumpria escrupulosamente o horário e ficava muitas vezes para além das horas, não tinha direito a férias, se precisava de tirar umas horas por algum motivo tinha que as compensar, muitas vezes os funcionários da casa não estavam mas os desgraçados dos funcionários a recibo verde lá estavam.
Esta situação além de discriminatória é humilhante para o trabalhador pois não tem os mesmos direitos que os outros, mas têm os mesmos ou mais deveres. Muitas vezes, fazia trabalhos que não podia assinar, pois eram documentos internos que apenas deveriam ser assinados por funcionários da instituição.
Por outro lado, senti ao longo desses três anos um grande desgaste emocional pois acalentava permanentemente a esperança de que as coisas se alterassem e muitas vezes davam-me esperanças nesse sentido, o que nunca se concretizou. O meu empenho era a 200% pois além de ser o meu primeiro trabalho queria mostrar que era competente o suficiente para ser contratada.
Trabalhei em projectos com alguma visibilidade pública e quando me perguntavam dizia sempre que era funcionária do instituto pois não convinha dizer a verdade. Tinha um posto de trabalho, um computador pessoal e um endereço de e-mail da instituição.
Houve muitas alturas em que me apeteceu denunciar a situação mas a necessidade falava mais alto. Neste momento encontro-me também a trabalhar num instituto público com um contrato a termo e presencio contratações de jovens todas a recibo verde o que me causa uma certa revolta pois acho que é uma situação pela qual ninguém deveria ter que passar.
Continuem a denunciar estes casos pois é bem necessário trazer a público esta vergonha. É uma exploração, os trabalhadores a recibo verde são em regra escravizados, sabem que as pessoas precisam e estão numa situação de insegurança por isso sujeitam-se a todas as exigências das chefias, exigências que trabalhadores com outro tipo de vínculo muitas vezes rejeitam.
Licenciei-me em 2001 e o meu primeiro emprego foi a recibos verdes num instituto público que, recorrendo a uma consultora, mantinha uma situação de sub-contratação que se manteve muito além do desejável.
Inicialmente contrataram-me por três meses, depois sucederam-se os contratos sempre precários até perfazer três anos, findos os quais me disseram que não havia possibilidade de fazer contratação directa em virtude do congelamento das admissões na função pública.
Não estou a falar de um instituto qualquer mas sim do Instituto de Emprego e Formação Profissional que supostamente deveria ter mais responsabilidades nesta matéria.
Desde sempre os recibos verdes eram falaciosos pois nunca tive liberdade de horário nem tão pouco podia desenvolver as actividades laborais noutro local que não as instalações do próprio instituto.
Se faltasse um dia descontavam-me o mesmo, cumpria escrupulosamente o horário e ficava muitas vezes para além das horas, não tinha direito a férias, se precisava de tirar umas horas por algum motivo tinha que as compensar, muitas vezes os funcionários da casa não estavam mas os desgraçados dos funcionários a recibo verde lá estavam.
Esta situação além de discriminatória é humilhante para o trabalhador pois não tem os mesmos direitos que os outros, mas têm os mesmos ou mais deveres. Muitas vezes, fazia trabalhos que não podia assinar, pois eram documentos internos que apenas deveriam ser assinados por funcionários da instituição.
Por outro lado, senti ao longo desses três anos um grande desgaste emocional pois acalentava permanentemente a esperança de que as coisas se alterassem e muitas vezes davam-me esperanças nesse sentido, o que nunca se concretizou. O meu empenho era a 200% pois além de ser o meu primeiro trabalho queria mostrar que era competente o suficiente para ser contratada.
Trabalhei em projectos com alguma visibilidade pública e quando me perguntavam dizia sempre que era funcionária do instituto pois não convinha dizer a verdade. Tinha um posto de trabalho, um computador pessoal e um endereço de e-mail da instituição.
Houve muitas alturas em que me apeteceu denunciar a situação mas a necessidade falava mais alto. Neste momento encontro-me também a trabalhar num instituto público com um contrato a termo e presencio contratações de jovens todas a recibo verde o que me causa uma certa revolta pois acho que é uma situação pela qual ninguém deveria ter que passar.
Continuem a denunciar estes casos pois é bem necessário trazer a público esta vergonha. É uma exploração, os trabalhadores a recibo verde são em regra escravizados, sabem que as pessoas precisam e estão numa situação de insegurança por isso sujeitam-se a todas as exigências das chefias, exigências que trabalhadores com outro tipo de vínculo muitas vezes rejeitam.
1 comentário:
Pode não servir para nada mas quero dizer-te: Força, não desitas! NÃO PASSARÃO...
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