27 abril 2011

TESTEMUNHO: estágios no âmbito do PEPAL


Venho por este meio dar-vos conhecimento de uma situação que me tem revoltado, nos últimos tempos e como tal, não hesitei em levá-la até à comunicação social e a outros grupos de mobilização social. Esta situação pretende-se com os estágios profissionais promovidos pela DGAL, mais especificamente pela medida designada PEPAL (Programa de Estágios Profissionais na Administração Local).

Os estágios profissionais são medidas de inserção no mercado de trabalho de jovens qualificados. Contudo, esta medida não tem respeitado o que está legislado ou apresentado em diário da república. Em primeiro lugar, os jovens são seleccionados através de um sistema automático que escolhe (não entendo como é que um sistema avalia competências, saberes, experiências profissionais, analisa currículos…) os candidatos e os coloca em municípios, por vezes, distintos da realidade que conhecem.

Quando confrontei a DGAL com esta situação foi-me dito que o PEPAL é uma medida de inserção e não de contratação no mercado de trabalho, todavia, no município para o qual me candidatei para realização de estágio profissional foi colocada uma pessoa com alta experiência na área, tendo trabalhado numa Câmara Municipal do Sul e consequentemente colocada no Norte de Portugal. Esta pessoa não é recém-licenciada e tem uma larga experiência na área. Por outro lado, independentemente da estagiária conhecer a metodologia de trabalho, certo é que não conhece a realidade do concelho no qual foi colocada. Para além disso, os Municípios não têm opção de seleccionarem o candidato mais apropriado para o estágio profissional solicitado, uma vez que é o sistema que ‘deposita’ na autarquia a pessoa, não havendo possibilidade de escolha. Ou seja, os candidatos encontram-se escalonados e os municípios devem seguir a ordem apresentada pela DGAL, não havendo qualquer intervenção por parte dos Municípios.

Esta situação desagradou-me bastante, sinto-me revoltado/a, pois se os estágios profissionais são medidas de inserção de jovens qualificados no mercado de trabalho, certo é que, para o município para o qual me candidatei, vejo que a candidata seleccionada tem uma larga experiência na área, vindo de uma região do Sul para o Norte. Confrontando o IEFP do Norte, que nada tem a ver com esta medida, esta entidade diz-me que os estágios profissionais são efectivamente dirigidos para jovens que conhecem a realidade do concelho que residem, constituindo, desta forma, motores essenciais para o desenvolvimento da economia de desenvolvimento local.

No que respeita à ao método de avaliação dos candidatos estagiários, no âmbito do PEPAL, esta desagrada-me profundamente pelas razões abaixo mencionadas:

- Nenhuma forma de avaliação curricular pode passar exclusiva e directamente por uma avaliação métrica (médias) sem conhecer as capacidades ou experiência profissional de um(a) candidato(a). As suas experiências não podem ser avaliadas, através de documentos comprovativos e uma licenciatura por si só não é determinante, ainda que seja o passo essencial para a inclusão de concursos desta natureza. Qualquer concurso público deve primar pela entrevista profissional. Reduzir as competências dos candidatos a médias frusta-os, exclusivamente pelo facto da métrica funcionar ao invés da análise sob a forma de entrevista profissional.

- Os Municípios e outras entidades vêem-se obrigadas a recepcionar os candidatos um sistema automático selecciona, quando efectivamente as funções são desempenhadas numa entidade designada Município. Apresentar uma tabela com a posição de cada candidato/a e fazer dessa a avaliação efectiva de um sistema automático que não conhece as capacidades das pessoas/candidatos, mas números, é das formas mais ininteligíveis e desprovidas de sentido que o recrutamento e selecção já viu, enquanto área de gestão.

Se este é uma forma de controlo, vejo-a incompetente, ineficiente e inoportuna.
Se cada caso é um caso, certos casos são resultado de uma verdadeira injustiça.

“Somos uma geração à rasca por razões como esta. Mas temos voz!”

7 comentários:

Anónimo disse...

Revejo-me nesta situação. Passei pela mesma situação. Vamos fazer uma petição e levá-la à Assembleia da República.

Cah disse...

Também me candidatei a este programa para o qual não consegui estágio. Nem sequer consigo saber quais as pessoas foram seleccionadas para as zonas a que me candidatei.

As informações disponíveis são escassas.

Unknown disse...

Os candidatos seleccionados para os lugares, baseam-se numa nota final de candidatura.
Quem reúne melhor nota, entre média da licenciatura, horas de formação profissional, experiência profissional, entre outros, é quem fica!

Anónimo disse...

Cara Catarina,

O sistema automático avalia médias, não avalia capacidades nem experiência profissional. É um sistema objectivo, mas queira saber de que se trata o recrutamento e selecção, passando a citar entendidos na matéria:
Rocha (1997)“gerir é, nos nossos dias, fundamentalmente, gerir pessoas”;
“as pessoas têm de ser entendidas como um recurso estratégico de importância primordial para o funcionamento e desenvolvimento das organizações” (cit in Caetano e Vala, 2002, p.268). Como pode constatar, o recrutamento selecciona pessoas e com base nas médias é que as pessoas têm prioridade de entrada. Passo a explicar, as técnicas de selecção passam entre as seguintes: entrevista de selecção, provas de conhecimentos ou de capacidade, testes psicométricos, testes de personalidade e técnicas de simulação. Como é do seu entender, penso eu, qualquer estágio para uma entidade pública deve passar por estas fases. É um sistema automático capaz de seleccionar rigorosamente competências, saberes, habilidades, experiências?
A minha experiência profissional diz-me que não e esta já tem largos anos.

Anónimo disse...

Caro Anonimo:

Concordo plenamente consigo.
E Conheço bem a teoria relativa a um processo de Recrutamento e seleccção em condições sérias, e já tenho aprendido como é que se faz por cá, sobretudo nos concursos públicos...por isso por um lado até concordo com esta automatização!!
Aqui há uns meses atras, concorri a um concurso público para um municipio, onde apenas foi feita uma avaliação curricular e uma entrevista profissional, não sei em que paramêtros, e o que pude constatar é que não me foram feitas quaisquer perguntas da minha área profissional...e as notas finais foram altamente discrepantes, há excepção de uma candidata!! E porque será?

Anónimo disse...

Caro anómimo2,

Garante-me que um sistema automático, também ele, não está corrompido? Antes disso, vejo um sistema que substitui a avaliação objectiva e subjectiva. A mim, ninguém me garante que o sistema também esteja corrompido. Aliás, conheço casos de verdadeira injustiça, pessoas colocadas já com experiência na área, etc etc. O caso deste testemunho é reflexo vivo que de uma maneira ou de outra, a injustiça prevalece.
Cumprimentos e passe bem!!!

Anónimo disse...

Cá para mim, a malta que escreve por aqui preferia toda o sistema antigo, em que só entravam os candidatos com cunhas nas câmaras... Pelos vistos candidataram-se aos estágios e nem perceberam o sistema. Cada pessoa tinha o direito de concorrer para os concelhos que queria e, à partida, estavam todos em situação de igualdade pois a fórmula de avaliação era igual para todos. Além disso, o estágio é para os jovens obterem experiência profissional e conseguirem mais facilmente arranjar emprego. Queriam a entrevista para quê? Estão a concorrer para um emprego???