Já conhecíamos os recibos verdes, os estágios profissionais, os estágios não-remunados, as bolsas, os contratos a prazo ou o trabalho temporário. Já conhecíamos estas e muitas outras formas de usurpação de direitos laborais.
Agora, descobrimos existir o trabalho 'no-cost' e constatámos que não há limites para o despudor!
Agora, descobrimos existir o trabalho 'no-cost' e constatámos que não há limites para o despudor!
O anúncio que aqui publicámos consta do 'Carga de Trabalhos', um antro de promoção e divulgação de trabalho precário, apesar de se intitular como sendo um site de "emprego na área da comunicação".
Procura-se [Editor de Vídeo + Pós Produção em AE Freelancer] !
Procuramos colaboração de um editor de vídeo para integrar um projecto televisivo no-cost a estrear no Porto Canal, inícios de 2010.
PERFIL DO CANDIDATO:
- Bom gosto e excelente cultura visual;
- Cumprimento de deadlines;
- Vontade de aprender e trabalhar com profissionais na área da televisão e do entretenimento;
- Experiência com Premiere e After Effects;
- Rapidez e talento em edição vídeo;
- Dá-se preferência a residentes no Grande Porto;
OFERECEMOS
- Oportunidade de desenvolvimento pessoal e profissional;
- Cimentar conhecimentos e portfolio;
- Cafés e boa disposição! :)
O trabalho não será remunerado e deverá ser feito em regime de tele-trabalho, com realização de algumas reuniões semanais.
Contamos contigo!
7 comentários:
E o pior, é que há quem aceite.
Não deixa de me espantar, mas é chocante. Esta e muitas outras propostas de trabalho ainda existem em Portugal no mercado audiovisual. Decerto ainda está para chegar outra forma de trabalho que é a seguinte:
- Chamam-te para um trabalho, mas durante um dia ou 1 semana fazem-te um teste, estar a montar um video, para ver a tua capacidade de trabalho. Montaste quase um programa de televisão inteiro.
- Mandam-te embora, o teste acabou. Sais com ideia de que te vão chamar de volta.
- Nunca mais lhes pões a vista em cima, mesmo ligando para saber se te vão chamar para algo...
- Um dia vês o programa que estiveste a montar na televisão!
(chamaram mais algumas pessoas que completaram o teu trabalho, decerto também a "no-cost", e têm um produto audiovisual pronto para emissão) Aconteceu na Austrália... aqui já aconteceu, mas chamando designers e Licenciados em Marketing, submetendo-os a testes de onde empresas sacavam ideias a no-cost!
O problema está em termos tanta boa-vontade e iniciativa que somos explorados. Tem de acabar e recusar trabalhar por um honorário miserável!
Rui Pires
Rui...eu ainda acrescento mais um pormenor: além da boa vontade e iniciativa, desespero! O facto de muitos jovens se sentirem desesperados por encontrar um emprego, leva-os a aceitar qualquer trabalho na sua área, mesmo em condições duvidosas.
concordo inteiramente contigo rui pires.
temos que começar a por um ponto final na nossa boa vontade senão cada vez somos mais carne para canhão e mais precários, a luta é tua, minha, de muitos que por aqui passam mas devia ser de todos nós...
ana
Como é que um engenheiro florestal, pós-graduado em engenharia e planeamento de recursos naturais, geoestatística e experiência de anos em Portugal e Espanha na área dos SIG e Detecção Remota satelitária - com fogos florestais - trabalha hoje na área da saúde? Voltou a estudar mais (e continua), porque recusou sempre trabalho especializado pago a recibos verdes; pago por instituições do Estado: alto gabarito!; pago 6 meses depois da realização das tarefas ad continuo.
Se a experiência passa por executar uma tarefa que será rentável, essa tarefa terá de reverter num valor para quem a executa.
Pessoal, emigrem. Não pensem duas vezes, eu já o devia ter feito há mais tempo.
Ganho 4 vezes o que ganhava em Portugal, contracto sem prazo e todas as regalias e mais algumas da empresa.
Recibos verdes foram 5 anos. Nunca mais.
eu emigro. se alguém souber de uma vaga para arquitecto num país decente! a ordem dos arquitectos só quer é dinheiro mais nada!!!
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