15 agosto 2008

Testemunho: Pagamentos à Segurança Social

Sou mais um daqueles trabalhadores independentes que abriu actividade: CAE 1519 - Outros Prestadores de Serviços em Janeiro de 2007 pensando que havia completa partilha de dados entre as Finanças e a Segurança Social.

Bom retirando a velha questão de que o cidadão é quem tem de saber a lei (porque nesse caso eu teria de saber o CIRS, o CIVA, a CRP e todas as leis da Segurança Social) nunca me foi dito que teria de dar conhecimento à Segurança Social... Aliás pensei que houvesse total e completa partilha de dados. Mas não havia!

Em Abril de 2008, acabou o meu desempenho de funções no Ministério dos Negócios Estrangeiros, ficando desempregado... Dirigi-me à Segurança Social para ver qual a minha situação.

E aqui começa a Estupefacção e Perplexidade, visto ter descoberto que não havia qualquer partilha de dados entre as Finanças e a Segurança Social!

Depois, estupefacção maior ainda foi ficar a saber que vou ter de pagar um mês inteiro de Janeiro de 2008 quando a minha actividade só foi aberta a 17 de Janeiro de 2008. Como se não bastasse, fiquei a saber que mesmo tendo estado desempregado, vou ter de pagar Segurança Social só porque fiquei com actividade aberta!

9 comentários:

Anónimo disse...

Caro amigo, informe-se. Se abriu a actividade a primeira vez, tem isenção do primeiro ano!


Rui

Anónimo disse...

Pois claro! Por incompetência, preguiça ou desinteresse os nossos funcionários públicos, tanto das finanças como da SS, não nos prestam qualquer tipo de informação extra a não ser que nós perguntemos...isto sob pena de gastarem demasiada saliva! Até parece que lhes pagam extra por não esclarecerem o público, n é?

Xoné disse...

Acho que se devia de parar com os insultos aos Funcionários Públicos, "1ª, 2ª geração nós somos todos filhos de funcionários públicos". Estamos todos no mesmo barco e podia dar centenas de exemplos de atendimento por serviços privados que não orientam de forma conveniente. O problema é que não há orientações e não há envolvimento das pessoas nos projectos. Não sei como dar a volta mas não adianta implicar com o vizinho do lado só porque tem alguma estabilidade no seu emprego.

Anónimo disse...

Não é uma questão de insultos gratuitos aos funcionários públicos... É uma questão de falta de profissionalismo e dedicação.

Quantas vezes já não me aconteceu (a mim e a outros colegas meus), irem a uma repartição das finanças ou da segurança social, onde nos dão informações diferentes acerca do mesmo problema? Aliás, muitas vezes, chegam inclusive a negar as informações que nos deram previamente, porque "isso é completamente mentira e é impossível que lhe tenham dito tal coisa".

Isto muitas vezes também dentro da própria repartição.


Da mesma forma que se vamos tirar alguma dúvida legal acerca dos processos, ou até mesmo de deveres e direitos, olham para nós de sobrolho franzido e comentam: "você não sabe isso? tem que saber isso"
E após respondermos que se soubéssemos não estaríamos a perguntar, e que é para isso que o serviço também está lá (mas imaginem, SURPRESA! Eles também não o sabem), "atiram-nos" à cara com uma "bíblia legal"... E depois de folhearmos cerca de quinhentas páginas em busca da info necessária, ao fim de dois parágrafos de terminologia legal tão específica, somos forçados a desistir porque mais valia estar a ler japonês...


O pior, é saber que se vai lá com boa vontade para cumprir com um esquema que já sabemos de si ser desonesto e desigual, e descobrimos que afinal de contas nos limitamos apenas a ir estragar o dia aos senhores que estavam tão descansados a fazer o seu trabalho.


Acredito que possam apanhar "filmes" durante o período de trabalho, mas se assumem um compromisso, têm que o cumprir...

...E realmente é muito frustrante ver como tantos trabalhadores a contrato não têm metade do esforço e dedicação que a grande parte dos trabalhadores a recibo.

Xoné disse...

Isso que está a dizer é música para quem defende os contratos precários. É o argumento ideal. Detesto estações de correios, finanças, consultórios médicos e o problema é sempre o mesmo, o atendimento, as burocracias, a espera, perder tempo. Uns são públicos outros privados... Não há diferença relativamente ao tipo de contratação do trabalhador mas sim no tipo de serviço que é prestado, nas orientações que recebem, na organização dos serviços. Mas esta é a minha visão das coisas, agente do estado há 17 anos com um contrato precário que termina brevemente....

Anónimo disse...

Isto de facto é muito interessánte!Na tesouraria da Segurança social onde fui pagar as minhas contribuições a Sra que me estava a atender nem me sabia dizer se havia algum mês em atraso e que me tivesse passado sem reparar! O que ela me disse foi "Oh menina, voçê não pode vir para aqui a espera que o sistema dê, olhe que eu não consigo ver isso, isto está sempre a bloquear -(DESCULPAS)!"Depois reparei que o que ela não sabe é processar a informação que lhe aparece no ecrã do computador nem dar informações correctas!Outra questão que lhe fiz foi se em Agosto tinha alguma contribuição a pagar (como tinha ido as Finanças suspender a actividade em Julho) e ela respondeu-me muito admirada, como se não soubesse se estava correcta ou não!"Tenho aqui que já não tem enquadramento mas não sei, não sei!Não consigo dar-lhe uma resposta é o sistema!" Pois é o SISTEMA pensei eu!Bem, eu vim-me embora pois reparei que não valia a pena estar a chatear-me com esta situação!Agora estou para ver como vão correr as coisas!Agora em Outubro quando abrir a actividade eu vou ver! Ainda vou ter de perder um dia inteiro por causa desta situação!Só fico a pensar que assim o nosso país não evolui, já não basta estar a recibos verdes e receber uma miséria!Isto é a competência e formação das pessoas que temos a frente destes serviços OBRIGATÓRIOS e importantes para os cidadãos. ANA

Anónimo disse...

Boa Tarde.
Identifico-me plenamente com a sua situação pois eu ja passei por igual acontecimento.
Sou arquitecto e sou trabalhador por conta de outrém, mas continuo com actividade aberta, tenho os recibos verdes/actividade aberta, isto ja ha uns 7anos.
nunca me preocupei com a minha situação porque sempre pensei que tudo era comunicado entre finanças e segurança social. Pois ha uns 2anos, quando comprei casa foi exigido pelo banco um documento comprovativo em como não devia nada a ninguém. Fui a Segurança Social e fui Informado que devia uns 4mil euros pela actividade aberta de 7anos, fiquei chocado, "e ninguem me avisa".
Deveria ter la ido "informar" que estava com contrato e que a Segurança social era paga através do contrato e não dos recibos verdes. Depois de algumas confusões lá se chegou a conclusão que só devia uns 3 ou 4 meses...paguei tudo e no fim disseram-me..."Para a próxima ja sabe, tem que cá vir informar TUDO".
Abraços

Anónimo disse...

Não são insultos aos Funcionários Públicos, mas sim a constatação de factos como a falta de empenho, dedicação e profissionalismo da grande maioria. Aliás penso que a avaliação destes funcionários, não deveria ser feita pelos seus superiores mas sim por inqueritos de satisfação dos utentes.

Há 2 anos atrás entreguei a minha declaração de IRS fora do prazo. Como a fiz através de internet, a multa não é paga no acto, nem mesmo no momento do reembolso do IRS (coisa estupida, mas é verdade).
Passaram-se vários meses e nada de aparecer multa para pagar... Mas como "o seguro morreu de velho" passei a consultar, quase diariamente, a minha situação nas finanças, via online. E como o estado não dá nada a ninguém, a dita multa acabou mesmo por aparecer por lá. Como mais uma vez, o serviço online é limitado, tive mesmo de me deslocar às finanças para poder efectuar o pagamento. E começou o insólito...!!
Nas finanças, não me deixaram pagar, pois tal só seria possível com a carta que iria receber em minha casa... "E se a carta não chegar?" perguntei eu - "Minha senhora, isso nunca aconteceu!" (acho que a senhora se baseou na cor do meu cabelo, ao dar-me esta resposta...). Mesmo sabendo qual seria a resposta, ainda pedi uma declaração em como eu me tinha dirigido à aquela repartição de finanças e que me tinham recusado o pagamento por falta da carta...Pedido negado, claro!!! Como não me estive para chatear mais, vim-me embora e resolvi não pensar mais no assunto.

Meses depois... Sou confrontada um dia, com uma chamada do meu banco dizendo que por ordem das finanças, todas as minhas contas bancárias estavam CONGELADAS!!! O que aconteceu?? Simples, a tal carta, nunca chegou a minha casa e a dita multa era agora de 365€!!!
De imediato solicitei nas finanças o comprovativo de envio da notificação para minha casa. Sabem qual foi a resposta???
- A SENHORA É QUE TEM DE A PROVAR QUE NUNCA A RECEBEU! - juro que me senti "literalmente" loura com esta resposta! Pois como é possivel fazer tal prova?? Não é!
E não é tudo, pois sabem como é que a minha multa passou de 50€ para 365€? Poque para além da barbaridade cobrada em juros de mora, os Bancos cobram cerca de 10€só para informar o estado se tenho, ou não, contas bancárias naquela instituição, o que multiplicando pelo numero de Bancos do nosso país, dá uma conta jeitosa.
E ainda estão preocupados com a criminalidade do nosso país?? O maior criminoso do nosso país é o próprio estado!

Desculpem este meu desabafo... Mas a revolta é mais que muita.

Joao Carlos disse...

Estou na mesma situação que muitos acima. Quando tinha 18 anos inscrevi-me nos recibos verdes. Nunca me avisaram que tinha de pagar mensalmente um exagero à segurança-social, quer passasse recibos quer nao passasse.
Há 1 ano atrás vieram-me pedir 10.000EUR em contribuições em atraso, de anos em que nem 500EUR facturei. Tentei entrar em acordo, uma vez que eu nao tinha qualquer hipotese de invocar desconhecimento e que nunca me tinham avisado (estão-se nas tintas para isso).
Claro que não tive meios de pagar, nem aceitaram o meu acordo.
Esta semana vou tentar fazer um levantamento no multibanco e dá-me erro. Tento com outra conta e da-me o mesmo erro.
Quando vou ao balcao perguntar se há algum problema, primeiro dizem-me que o meu cartão deve ter sido utilizado indevidamente por alguem e por esse motivo ficaram bloqueados. Passado uns minutos viram melhor e afinal tinha uma ordem do tribunal a congelar TODAS as contas bancárias que eu tivesse.
Resultado: vou ter de abrir uma conta em nome de outra pessoa e passar a depositar lá o meu ordenado.
País de treta este... para alem de ser inconstitucional, ilegal e imoral, o estado não pode simplesmente fazer o que lhes apetece, ainda por cima COM OS TRIBUNAIS CONIVENTES!