Este é o meu segundo ano nas AEC como professor de Educação Musical.
Fui contratado por uma empresa, que tal como tantas outras mais não faz do que arranjar professores para colocar nas escolas, pois tudo o resto- elaboração do plano de actividades, planificação de aulas, material didáctico, etc... Sou eu que produzo e levo para as aulas.
O pagamento é de uns supostos 13 euros à hora, mas se retirarmos aquilo que se paga de segurança social, IRS e IVA, o valor final não chegará aos 11 euros.
Subsídios não existem, férias de Natal e Páscoa só recebemos 50%, e as horas em que temos de ir ás reuniões de avaliação nas escolas e de trabalho na empresa, não são pagas. Como sou de Educação Musical, ainda tenho a agravante de ter de fazer todo o tipo de apresentações com os alunos: para presidentes de junta de freguesia, festas de natal, festas de fim de ano, etc... Com todo o trabalho extra-horário e extra-escola inerente e não remunerado, pois muitas das apresentações são ao fim de semana e fora da escola.
O mais escandaloso em relação ao pagamento, reside no facto de feitas as contas ao que o Estado paga por aluno por ano( vem publicado em Diário da República ) e aquilo que os professores efectivamente recebem, no meu caso dá um desvio de mais de 6000 euros. Seis mil euros que acabam no bolso de associações de pais, juntas de freguesia e na empresa propriamente dita! É mais de metade do meu ordenado anual bruto!
Quando confrontados com este facto, todos apontam o dedo uns aos outros, ninguém assume responsabilidades e respondem-me sempre de forma evasiva. Por exemplo quando eu confrontei a direcção da escola, a resposta foi que o dinheiro serviria para equipar as salas com material de música...Estamos no segundo ano, já fiz mais de 3 requisições de material e ainda não vi nada...
No final, a sensação com que fico é a de que andamos a trabalhar para nos sustentarmos a nós e para alimentar esta espécie de sorte grande que saiu a meia dúzia de chicos-espertos, com a conivência do Ministério da Educação!
As condições de trabalho são comuns a muitos dos colegas das AEC, tenho uma sala de aulas fixa ( num dos casos a sala de aulas é o refeitório), tenho um horário de trabalho fixo, uma hierarquia definida, recebo sempre o mesmo valor à hora e sigo o programa de Educação Musical para o 1º Ciclo do Ensino Básico. E a juntar a tudo isto ainda tenho a caricata situação de ter duas vezes por período lectivo, as colegas titulares das turmas a quem dou aulas a "supervisionar" as minhas aulas. Colegas que desconhecem por completo, ou quase, o programa de Educação Musical e que se sentem elas próprias envergonhadas por terem de ir ali fazer nem elas sabem bem o quê. Mais reprovável ainda se torna esta situação pelo facto de as colegas terem de elaborar um relatório daquilo que observaram, e o acesso a ele nos ser negado pela direcção da escola!
Para terminar fica a pergunta, a juntar a tantas outras, qual a finalidade de se ter na mesma escola professores licenciados, uns a trabalhar a contrato e outros a recibo verde, quando todos dão aulas aos mesmos alunos e se regem pelo mesmo programa? Qual a justificação para tal diferenciação? Qual a justiça ética existente em tal procedimento?
Fui contratado por uma empresa, que tal como tantas outras mais não faz do que arranjar professores para colocar nas escolas, pois tudo o resto- elaboração do plano de actividades, planificação de aulas, material didáctico, etc... Sou eu que produzo e levo para as aulas.
O pagamento é de uns supostos 13 euros à hora, mas se retirarmos aquilo que se paga de segurança social, IRS e IVA, o valor final não chegará aos 11 euros.
Subsídios não existem, férias de Natal e Páscoa só recebemos 50%, e as horas em que temos de ir ás reuniões de avaliação nas escolas e de trabalho na empresa, não são pagas. Como sou de Educação Musical, ainda tenho a agravante de ter de fazer todo o tipo de apresentações com os alunos: para presidentes de junta de freguesia, festas de natal, festas de fim de ano, etc... Com todo o trabalho extra-horário e extra-escola inerente e não remunerado, pois muitas das apresentações são ao fim de semana e fora da escola.
O mais escandaloso em relação ao pagamento, reside no facto de feitas as contas ao que o Estado paga por aluno por ano( vem publicado em Diário da República ) e aquilo que os professores efectivamente recebem, no meu caso dá um desvio de mais de 6000 euros. Seis mil euros que acabam no bolso de associações de pais, juntas de freguesia e na empresa propriamente dita! É mais de metade do meu ordenado anual bruto!
Quando confrontados com este facto, todos apontam o dedo uns aos outros, ninguém assume responsabilidades e respondem-me sempre de forma evasiva. Por exemplo quando eu confrontei a direcção da escola, a resposta foi que o dinheiro serviria para equipar as salas com material de música...Estamos no segundo ano, já fiz mais de 3 requisições de material e ainda não vi nada...
No final, a sensação com que fico é a de que andamos a trabalhar para nos sustentarmos a nós e para alimentar esta espécie de sorte grande que saiu a meia dúzia de chicos-espertos, com a conivência do Ministério da Educação!
As condições de trabalho são comuns a muitos dos colegas das AEC, tenho uma sala de aulas fixa ( num dos casos a sala de aulas é o refeitório), tenho um horário de trabalho fixo, uma hierarquia definida, recebo sempre o mesmo valor à hora e sigo o programa de Educação Musical para o 1º Ciclo do Ensino Básico. E a juntar a tudo isto ainda tenho a caricata situação de ter duas vezes por período lectivo, as colegas titulares das turmas a quem dou aulas a "supervisionar" as minhas aulas. Colegas que desconhecem por completo, ou quase, o programa de Educação Musical e que se sentem elas próprias envergonhadas por terem de ir ali fazer nem elas sabem bem o quê. Mais reprovável ainda se torna esta situação pelo facto de as colegas terem de elaborar um relatório daquilo que observaram, e o acesso a ele nos ser negado pela direcção da escola!
Para terminar fica a pergunta, a juntar a tantas outras, qual a finalidade de se ter na mesma escola professores licenciados, uns a trabalhar a contrato e outros a recibo verde, quando todos dão aulas aos mesmos alunos e se regem pelo mesmo programa? Qual a justificação para tal diferenciação? Qual a justiça ética existente em tal procedimento?
7 comentários:
<<... qual a finalidade de se ter na mesma escola professores licenciados, uns a trabalhar a contrato e outros a recibo verde, quando todos dão aulas aos mesmos alunos e se regem pelo mesmo programa? Qual a justificação para tal diferenciação?>> Então, as suas aulas não se chamam de enriquecimento curricular? Como este nome indica, a diferenciação que fala serve para enriquecer alguém, excepto o professor, que enriquece o currículo!
Solidarizo-me com este testemunho que só vem provar, mais uma vez, que Portugal trata mal os seus jovens, despreza as suas potencialidades e ignora a sua energia. Desmotiva-os e rouba-lhes as oportunidades. Quê país é este?
Caro grilo falante, chama-se enriquecimento curricular porque o ministério assim decidiu, não quer por isso dizer que seja verdade. Caso não saiba há uns bons anos atrás, depois de os professores de 1º ciclo terem reconhecido que não tinham capacidade nem conhecimentos suficientes para leccionar todo o currículo, começaram a ser desenvolvidos projectos de educação física, visual, musical e inglês,pelas câmaras municipais e que eram aplicados durante o horário curricular normal dos alunos. Esse era suposto ter sido a caminho a seguir para colmatar as falhas da aplicação do currículo do primeiro ciclo, mas infelizmente devido a uma medida puramente eleitoralista, pois muitos pais não podiam pagar ATL´s e não tinham onde depositar os meninos a partir das 15.30h, o ministério decidiu que essas falhas deviam ser compensadas em horário pós-curricular... Ou seja nós não estamos a "enriquecer" nada, estamos a dar a matéria que os professores titulares não têm capacidade para dar, com a agravante de estarmos a fazê-lo fora do horário para o qual estava inicialmente destinado, e para o qual o currículo de 1º ciclo foi desenvolvido.
Ou seja...assim os prfessores das extra curriculares são simples monitores que, supostamente, teriam como função entreter a miudagem fora do tempo de aulas?!
Nem mais...somos simples monitores, com pouca ou nenhuma autoridade na escola e dentro da sala de aula. Somos olhados de lado pelos professores titulares que se acham mais professores do que nós e, no final, pouco ou nada conseguimos ensinar porque o espírito que se enraizou é o de que "as actividades não conta pra nota, não servem pra nada". Dou Inglês pelo 3.º ano consecutivo, nas AEC's e acho lamentável toda esta situação. É apenas e somente "para Inglês ver..." e para uns quantos centros enriquecerem à custa do nosso trabalho. Ainda se dão ao luxo de fazer exigências fora do horário de trabalho e indignam-se quando lhes respondo que sou trabalhadora independente, ganho à hora, não tenho de prestar trabalho gratuito. É este o fiel retrato do nosso Portugal...
olá realmente tens razão o professor hoje em dia é "explorado" e n ão tem direitos nenhuns, pois a minha situação é bem diferente pois fui colocada numa escola como todos os anos mas este ano fui colocda por erro da escola, pois esta precisava de um professor de e.v.t e vim cá parar eu prof. de música, pois a escola enganou-se no código. como no 2ºciclo já não havia turma para mim eu tive q ir leccionar ed. musical nas extra curriculares, mas como nunca o tinha feito não tenho material nenhum nem planificações nem nada de apoio . estou perdida se me puder ajudar, agradeço
"...Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades....o ser... a confiança...assumindo novas qualidades..."
É complicado ler os depoimentos dos colaboradores das AEC's e não sentir um fio de revolta muito embora possam ser considerados grilos porque cantam o que lhes vai na alma!...
Que era muito trabalho já desconfiava o que me sugestionou foi o tempo e burocracia que recai sobre os mesmos...
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