Caros concidadãos...
Vivi no Alentejo muitos anos por uma questão de alguma conveniência mas também solidariedade e sentido de ajuda aquele povo desprovido de tantas vantagens que existem no litoral mais rico.
Trabalhei em Câmaras como Arquitecto Paisagista. Depois de três anos e meio fui sacado de uma por não ser comunista (Monforte) e fui para o Alandroal. No Alandroal, fiquei dois anos e meio, comprei casa, e estava à espera da nossa filha (agora com 15 meses) quando o Presidente da Câmara, (então numa das suas viagens de férias) fez enviar uma carta a dizer que prescindiam dos meus serviços, basicamente porque não era da terra nem do PS.
Ainda me vieram pedir que os ajudasse com assuntos pendentes em obras que não queriam pagar e outras trapalhadas. Claro que também servi de bode-expiatório.
Fugi do Alentejo e após uma breve e enriquecedora passagem por Lisboa, vim com a minha família para Dublin. Aqui os contratos são permanentes, o respeito é essencial.
Portugal perdeu dois estudantes de Doutoramento e uma criança que poderá assim ter garantido um futuro melhor. Os meus pais ficaram desfeitos como o país se tornou nesse lodaçal sem moral nem vergonha.
Muito Obrigado,
Anónimo - Dublin
Vivi no Alentejo muitos anos por uma questão de alguma conveniência mas também solidariedade e sentido de ajuda aquele povo desprovido de tantas vantagens que existem no litoral mais rico.
Trabalhei em Câmaras como Arquitecto Paisagista. Depois de três anos e meio fui sacado de uma por não ser comunista (Monforte) e fui para o Alandroal. No Alandroal, fiquei dois anos e meio, comprei casa, e estava à espera da nossa filha (agora com 15 meses) quando o Presidente da Câmara, (então numa das suas viagens de férias) fez enviar uma carta a dizer que prescindiam dos meus serviços, basicamente porque não era da terra nem do PS.
Ainda me vieram pedir que os ajudasse com assuntos pendentes em obras que não queriam pagar e outras trapalhadas. Claro que também servi de bode-expiatório.
Fugi do Alentejo e após uma breve e enriquecedora passagem por Lisboa, vim com a minha família para Dublin. Aqui os contratos são permanentes, o respeito é essencial.
Portugal perdeu dois estudantes de Doutoramento e uma criança que poderá assim ter garantido um futuro melhor. Os meus pais ficaram desfeitos como o país se tornou nesse lodaçal sem moral nem vergonha.
Muito Obrigado,
Anónimo - Dublin
8 comentários:
Minha solidariedade ao Arquitecto, o meu respeito e os meus aplausos por sua coragem de denunciar estes descalabros. Dignidade não tem preço. Não se vende e nem se compra. Bom se muitos mais viessem a publico fazer o mesmo que vos.
Eu ainda me lembro que quando se falava na cauda da Europa aparecia Portugal, Espanha, Grécia e Irlanda. Três destes países deixaram a cauda há muito tempo, novos países entraram para a UE e já passaram para a frente e Portugal continua no mesmo cocó!
Conheço o arquitecto em questão,boa pessoa gente séria (da que o concelho do Alandroal mais precisa)infelizmente esses vão embora fica-nos o lodo e a trampa do custume...Um abraço ao Arquitecto e um bom natal para ele e familia
Há uma afirmação do arquitecto que não entendo : "fui sacado de Monforte por não ser comunista". Teria assim sido discriminado por não ser ligado ao PC, ora, foi recebido numa câmara (Alandroal) esta sim governada (ou desgovernada?) pelo PC; então em que ficamos?.
Quanto ao litoral rico.... Olhe meu caro, pode ter a certeza que encontra situações de maior descalabro humano nas cinturas de Porto Lisboa e Setúbal do que em Monforte, Alandroal etc.
Quanto à actual câmara do Alandroal a coisa vai de vento em pôpa: praça de touros onde cabe duas vezes a população, não do Alandroal mas de todo o Concelho, viagens sem conta mas os lugares mais recônditos do Mundo, sim, porque o Alandroal, logo o seu representante máximo, precisa de estar em rede com o Mundo ... Portugal é muito pequeno. .
É assim que o nosso miserável país deixa fugir a boa gente que dele faria um país como deve ser! Portugal está a caminhar para a miséria absoluta e definitiva!
Tenho seriamente ponderado fazer o mesmo. Não existe em mais de metade dos países da união europeia tais condições escabrosas de trabalho. Estas situações são um total absurdo e sustentadas por quem devia providenciar-nos uma melhor situação.
Como estudante de arquitectura paisagista, vendo próximo o final do quarto ano e o último ano a aproximar-se, tentei novamente no google ver como está o mercado de trabalho na área e novamente concluo que está mau! De facto, como o colega sugere, neste país pouco se alcança sem o conhecido "factor C" e na maioria das Câmaras Municipais em que reina a corrupção, ou não fossem tantos os PDM's duvidosos, os partidos políticos, mais movidos por dinheiro que por ideais respeitosos, prevalecem sobre o trabalho competente daqueles que não assinam por baixo... Fora isso o descalabro dos recibos verdes, que assombra a vida profissinal de jovens licenciados em quase todas as áreas, faz pensar que em Portugal só se estuda por paixão, porque com o 12º ano a trabalhar numa loja de roupa em um qualquer centro comercial, sempre se tem contrato de trabalho e a remuneração, tendo em conta o que se desconta nos recibos, não fica assim tão por baixo.. E é só dobrar camisolas, não se levam problemas nem trabalho para casa e nem se pensa... Emigração no início do século XXI volta a estar na moda, pelo menos se esya geração não se fizer valer...
O problema não é só a função pública.
A nossa profissão (sou também paisagista) deve ser a mais obsoleta em recibos verdes. de facto, sem ser em empresas municipais ou ncâmaras, TODA a gente que conheço está a falsos recibos verdes e ainda por cima a ganhar mal.
A maior parte das empresas promove a rotatividade de estagiários, que ganham muito pouco, fazendo com que as pessoas se sujeitem a ganhar cada vez menos. Há pessoas com mais de 30 anos a sujeitar-se a ordenados de 700 euros a recibos verdes, o que basicamente não dá nada.
É ridículo, estas empresas deviam ser TODAS divulgadas em praça pública e devaimo-nos recusar a trabalhar para elas. Infelizmente, obviamente não vamos passar fome.
Em Lisboa uma amiga minha foi despedida porque: segundo o chefe, numa empresa tem de haver todas as hierarquias, desde o chefe ao estagiário. Como ia entrar um novo estagiário e ela não podia passar à fase seguinte, pois já tinha 'trabalhadores' (a recibos verdes, claro) mandou-a embora. Este senhor obriga os empregados a trabalhar depois das 20:00 diariamente e ao fim-de-semana e um dia destes contaram-me que fez um escarcéu, pois os seus empregados (a recibos verdes) não estavam na empresa às 9:00 em ponto da manhã.
Outro colega esteve numa empresa em que, para ganhar experiência, se propôs já em desespero a trabalhar a troco de nada. Pediu apenas os gastos de transportes, que rondam os 70€. O chefe diz que 'quando puder lhe paga', já lá vão meses. Os outros empregados também estão sem receber há algum tempo. Contaram-me que há uns tempos, quando alguém se queixou da situação a resposta do chefe foi:
- mas que raio, vocês não têm pais que vos ajudem?
É triste esta MERD* de recibos verdes...
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