18 novembro 2007

Testemunho: Ensino

Sou professora. E sou-o porque gosto imenso de ensinar e de educar.

Porém, a vida de docente não é fácil, sobretudo numa altura em que os professores começam a ser vistos como excedentes e não como profissionais dignos.

Por não ter colocação, há dois anos que estou dependente de explicações, sobretudo de Centros de Explicações. Temos de trabalhar muito para sobreviver, com umas míseras horas e com "salários" (devo chamar-lhes isso?) paupérrimos (sempre menos de metade do que é pago ao Centro de Explicações). Como se não bastasse, tenho de estar dependente dos recibos verdes que não me dão qualidade de vida, nem me auferem qualquer estabilidade e segurança.

Fiquei muito contente por me terem chamado de uma escola (ainda que a muitos quilómetros de onde vivo e por um horário de três horas semanais!). Qual o meu espanto: só a recibos verdes. Comentários para quê?

Uma história simples, mas... um espelho da situação a que as novas gerações chegaram!

Lamentável!

Também estou farta de recibos verdes.

"Há Homens que lutam um dia, e são bons;
Há Outros que lutam um ano, e são melhores;
Há Aqueles que lutam muitos anos, e são muito bons;
Porém há Os que lutam toda a vida
Estes são Os imprescindíveis"

B. Brecht

4 comentários:

despertador disse...

Não é preciso ir até aos Centros de Explicação, muitas Câmaras deste país contratam professores para as Actividades Extracurriculares ao 1º Ciclo a recibos verdes. Há horários completos a recibos. Não se pagam férias escolares nem feriados. Ou seja, muitos professores recebem, legalmente, bem menos do que o salário mínimo.

diddlina disse...

Ora nem mais...sou desses tais professores contratados pela câmara de Guimarães para ensinar Inglês aos meninos do 1º ciclo, a recibos verdes claro...os pequenotes são uns fofos...já os "graúdos"...esses são uns exploradores. Somos simplesmente explorados, e ainda por cima, fomos recambiados para "estagiários" novamente. Sim, porque se bem me lembro, supervisores foi o que tivemos no estágio, não é?
Bem...acho que vou ficar por aqui :(

(ah, só mais uma coisinha: no ano passado tive horário completo...por estar nestas condições vou conseguir subir tanto como 0,4 na média para o concurso nacional...sim...parece-me justo...:( )

Anónimo disse...

Tambem sou professora numa escola de musica que no fundo é uma impresa ( esta registada nas finanças como tal). Estas escolas funcionam da mesma maneira como os centros de explicação.
O ano passado tinha meio horario e outros professores trabalham la como eu a recibo verde com um horario completo.
Todos pagam à segurança social 150euros por més. Se retirasse 150euros ao que ganho por més ficaria com 300euros ou menos. Por favor, digam me quem consegue viver com 300euros por més???Além disso, não temos direito a ficar de baixa, estar doente nem pensar ( o que acaba por acontecer e depois temos que repor as aulas todas que faltamos!)geralmente dar aulas doente, e licença de parto?
É obvio que não ha subsidios de nada!!!
Temos de nos revoltar.....
Temos de lutar pelos nossos direitos....

P.S.: nao tenho hipoteses de dar aulas em conservatorios ou academias. Sou formada em jazz e neste pais esta area não é reconhecida por estas instituições

Anónimo disse...

Olá a todos!

Também dou aulas de Inglês ao 1º Ciclo. Tenho 11 horas semanais e pagam-nos 15€ por hora. Sei que as Câmaras por este país fora não pagam todas o mesmo aos professores das Actividades Extracurriculares. Sei que há pessoas a ganhar 5€ por hora e outras 30€!!!!!! Alguém me explica isto????
Já sabemos que este tipo de trabalho é precário, não temos direito a nada e gera uma situação de grande instabilidade.
O primeiro a não dar o exemplo é o ESTADO.

Um abraço