Era uma vez uma menina que tinha acabado a Faculdade e que já estava há um ano em casa, sem conseguir qualquer tipo de trabalho: ou porque não tinha experiência ou porque tinha habilitações a mais.
E uma amiga disse-lhe: "E que tal vires trabalhar para a empresa onde eu estou?".
A menina não tinha qualquer experiência em atendimento telefónico, em dar apoio ao cliente por telefone... Mas lá foi. Na entrevista disseram-lhe que iria trabalhar das 18h às 23h de Sábado a Quinta-feira, tendo só um dia de folga e trabalhando 36 horas por semana, a recibos verdes, mas que esta situação seria apenas por seis meses, até adquirir prática e depois passaria a contrato.
A rapariga trabalhou sempre certinho e direitinho, nem faltas, nem férias, nem atrasos, nem grandes erros... O meio ano passou e ela não falou, pensou: "bem tenho um ano de isenção de pagar à Segurança Social, ainda tenho tempo, não vou pressionar a empresa, vou antes ser uma gaja fixe e dar a ganhar à empresa meio ano de descontos"... Mal sabia ela que estava a ser BURRA!! Com a mania de ser altruísta em vez de egoísta... É o que dá!
Entretanto, a menina passou a full-time e ficou com duas folgas por semana – Quinta e sexta-feira, das 14h às 23h. Ao 11º mês, a menina resolveu ir falar com a sua chefe para lembrar que o meio ano já tinha passado e que estava na altura de passar a contrato, tal como o prometido, até porque ao fim de um ano ia começar a fazer descontos para a Segurança Social... A resposta foi evasiva, tipo "vou ver a situação" e passado uns dias foi conclusiva e avassaladora: "não é possível passar a contrato, por agora fica assim!"...
A menina ficou com o assunto atravessado na garganta, virou costas e foi chorar para a casa de banho. A partir daí, começou a pagar 150€ à Segurança Social todos os meses: dos 525€ que ganha, fica apenas com 375€ (atenção os 25€ a mais dos 500€ são prémio de assiduidade, ou seja, se faltar perde este dinheiro)... Menos do que o ordenado mínimo!
A menina sempre trabalhou com o computador da empresa, com o telefone da empresa, recebia em cheque e depois começou a receber por transferência bancária. Sempre cumpriu horários e se faltou cinco vezes (sempre com aviso prévio) foi muito...
A menina, passado meio ano, voltou a insistir no assunto e a resposta voltou a ser igual. Entretanto, pediu para, ao menos, trocarem o horário para um horário mais "normal", para trocarem a folga de Quinta-feira para Sábado, para ter, pelo menos, um dia de fim-de-semana de folga...e nada!
A menina chegou à conclusão de que a empresa não lhe dá qualquer valor, que já provou ser uma boa empregada (dois anos é tempo mais que suficiente para ver se um empregado/a é bom ou não) e mesmo assim não ganha nada com isso, tudo o que pede é-lhe negado...
O desânimo começa a vir ao de cima a toda a força. Não vale mesmo a pena estar com qualquer esforço para agradar, para trabalhar bem, para cumprir seja o que for... A empresa começou a trabalhar contra ela própria porque trabalhadores assim não querem saber da empresa para nada, se não oferecem o mínimo de condições, se não dão valor ao empregado/a este/a também não valoriza a empresa. A menina está triste...
Anónima
E uma amiga disse-lhe: "E que tal vires trabalhar para a empresa onde eu estou?".
A menina não tinha qualquer experiência em atendimento telefónico, em dar apoio ao cliente por telefone... Mas lá foi. Na entrevista disseram-lhe que iria trabalhar das 18h às 23h de Sábado a Quinta-feira, tendo só um dia de folga e trabalhando 36 horas por semana, a recibos verdes, mas que esta situação seria apenas por seis meses, até adquirir prática e depois passaria a contrato.
A rapariga trabalhou sempre certinho e direitinho, nem faltas, nem férias, nem atrasos, nem grandes erros... O meio ano passou e ela não falou, pensou: "bem tenho um ano de isenção de pagar à Segurança Social, ainda tenho tempo, não vou pressionar a empresa, vou antes ser uma gaja fixe e dar a ganhar à empresa meio ano de descontos"... Mal sabia ela que estava a ser BURRA!! Com a mania de ser altruísta em vez de egoísta... É o que dá!
Entretanto, a menina passou a full-time e ficou com duas folgas por semana – Quinta e sexta-feira, das 14h às 23h. Ao 11º mês, a menina resolveu ir falar com a sua chefe para lembrar que o meio ano já tinha passado e que estava na altura de passar a contrato, tal como o prometido, até porque ao fim de um ano ia começar a fazer descontos para a Segurança Social... A resposta foi evasiva, tipo "vou ver a situação" e passado uns dias foi conclusiva e avassaladora: "não é possível passar a contrato, por agora fica assim!"...
A menina ficou com o assunto atravessado na garganta, virou costas e foi chorar para a casa de banho. A partir daí, começou a pagar 150€ à Segurança Social todos os meses: dos 525€ que ganha, fica apenas com 375€ (atenção os 25€ a mais dos 500€ são prémio de assiduidade, ou seja, se faltar perde este dinheiro)... Menos do que o ordenado mínimo!
A menina sempre trabalhou com o computador da empresa, com o telefone da empresa, recebia em cheque e depois começou a receber por transferência bancária. Sempre cumpriu horários e se faltou cinco vezes (sempre com aviso prévio) foi muito...
A menina, passado meio ano, voltou a insistir no assunto e a resposta voltou a ser igual. Entretanto, pediu para, ao menos, trocarem o horário para um horário mais "normal", para trocarem a folga de Quinta-feira para Sábado, para ter, pelo menos, um dia de fim-de-semana de folga...e nada!
A menina chegou à conclusão de que a empresa não lhe dá qualquer valor, que já provou ser uma boa empregada (dois anos é tempo mais que suficiente para ver se um empregado/a é bom ou não) e mesmo assim não ganha nada com isso, tudo o que pede é-lhe negado...
O desânimo começa a vir ao de cima a toda a força. Não vale mesmo a pena estar com qualquer esforço para agradar, para trabalhar bem, para cumprir seja o que for... A empresa começou a trabalhar contra ela própria porque trabalhadores assim não querem saber da empresa para nada, se não oferecem o mínimo de condições, se não dão valor ao empregado/a este/a também não valoriza a empresa. A menina está triste...
Anónima
2 comentários:
Infelizmente esta história representa uma grande percentagem dos recém licenciados do nosso país, conheço inúmeros casos semelhantes em call-centers etc...porque é que acham que os anti-depressivos estão a vender cada vez mais...uma pessoa passa anos e anos a estudar, a investir no seu futuro, tem sonhos etc...e depois de tantos anos é com este cenário que se depara, depois de tantos anos em que os pais tiveram a pagar os estudos nem dinheiro para deixar de serem sustentados por eles podem!
E ainda falam na educação e que há poucos licenciados etc...o governo devia era estar preocupado com estes casos de autêntica humilhação! que leva as pessoas a um desinteresse da vida e de insatisfação profissional e que nos leva a repensar toda a nossa vida de "luta" e de sonhos...
enfim, mais uma história desolante, como tantas e tantas outras. Penso no entanto que a frase chave está mesmo no final do testemunho
"A empresa começou a trabalhar contra ela própria"
Se isto se tornar numa realidade, talvez tenhamos por onde retaliar. No entanto isto só não está a ser feito em massa porque infleizmente somos pessoas bem formadas.. bem formadas de mais... mas, a paciencia tem limites!
Temos de nos revoltar em massa. Fazer com o que o FERVE e outros movimentos semelhantes cheguem aos ouvidos de todos os precários deste país.
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