21 abril 2007

ferver em pouca água não é bom!






Ontem decorreu a primeira iniciativa do Ferve enquanto grupo de acção. Foi na “Maria vai com as Outras”, uma loja simpática da rua do Almada no Porto. Contamos com a participação de muita gente, para esta que foi a primeira iniciativa.

Tratava-se de um momento de partilha de ideias, de juntarmos experiências sobre os famigerados recibos verdes. Chegamos a algumas conclusões:
- que os recibos verdes são usados por mais de um milhão de pessoas, o que nos leva a suspeitar que nem todos dizem respeito a trabalhadores por conta própria.
- que os recibos verdes são a realidade laboral da maioria das pessoas licenciadas que encontram o primeiro emprego.
- que os recibos verdes representam uma fragilização ainda maior do trabalhador.
- que quem passa recibos verdes muitas vezes não tem consciência das consequências desse vínculo.
- que quem não está nessa situação acaba por levar por tabela, porque quem passa recibos verdes acaba por trabalhar mais e ser usado como arma de chantagem.
- que não há organização social daqueles que são vítimas dos recibos verdes, muitas vezes uma carreira inteira de trabalho para uma instituição.

Os falsos recibos verdes, aqueles que são usados para substituir um real contrato de trabalho, são mais uma face da nova escravatura. Uma face mais da utilização do trabalhador como mercadoria: sais daqui vais para ali… vens para cá… ponho-te acolá e, caladinho, senão vais para a rua!!!

O que fazer contra este estado de coisas? As pessoas têm que trabalhar para comer!
Da sessão saiu uma ideia que nos parece interessante: só conhecendo estórias e casos é que o FERVE pode actuar. Conta-nos a tua estória para o nosso email, denuncia (nós mantemos o anonimato, se assim o quiseres).

Após o dia 1 de Maio, estaremos à porta das instituições onde a precariedade existe, mostrando aos utentes desses serviços, que muitas vezes eles são atendidos por pessoas com um vínculo de trabalho inseguro, sem aspirações e sem qualidade de vida.

Dali, da Rua do Almada, saiu outra conclusão: que a precariedade afecta quem está efectivo ou com contrato. De que forma? Os trabalhadores a recibos verdes são, muitas vezes, usados como chantagem para com os trabalhadores, que pelo seu trabalho, foram adquirindo regalias dentro da empresa ou instituição.

Isto é um problema de todos: hoje estou bem, amanhã posso estar na precariedade. Chega de ferver em pouca água! Isso nunca foi bom.

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